7 de mar. de 2012

Elas... Semana da Mulher no À LitFan - Parte II



Mary Shelley - Frankenstein
Na segunda postagem com o tema Elas... Semana da Mulher no À LitFan, mais uma vez agradeço aos que gentimente estão enviando suas impressões de leitura, e aos que nos brindam com comentários deliciosos, muito obrigada mesmo.  ( leia a primeira aqui)

Eu tenho uma paixão pelo universo literário de uma forma que, acredito que muito do que somos, vêm do que lemos, das tramas e personagens que nos marcaram. Pensar na figura da mulher na literatura, principalmente nas personagens não convencionais, é pensar também em estereótipos, em clichês, em gêneros e papeis sociais, ou seja, uma verdade viagem literária carregada de nossa essência leitora e mais do que tudo, humana. Ler é prazer, é conhecimento, é aventura e principalmente, liberdade.

Vamos a elas, entonces...

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Júnior Cazeri (@jrcazeri) do blog Café de Ontem ( o tal que é frio como uma despedida, mas na verdade está sempre com novidades saborosas, com resenhas, dicas de leituras e contos do autor) também oferece uma contribuição interessantíssima a nossa semana da mulher especial.

"Sem dúvida alguma, voto em Brigid O'Shaughnessy do clássico policial O Falcão Maltês de Dashiell Hammett, pois ela é calculista, manipuladora e bela, um ícone de femme fatale que, tanto na literatura como no cinema, se tornou inesquecível.

Ps: não é surpreendente como existem poucas figuras femininas memoráveis na literatura fantástica? São sempre coadjuvantes. Pensei em Cersei e Melisandre, mas não vou voltar em personagens cujo destino ainda não conheço totalmente.

E claro, não resisti em comentar o Ps: do Júnior. De fato estava pesquisando o tema e tenho que concordar, mas aos poucos, inclusive nestas contribuições, estamos conhecendo um pouco mais destas moçoilas.

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Persona super querida que conheci no Twitter, a Mariana (@mundodistopia) e autora do livro Beijos e Batom ( lançamento em Junho ^^)  escolheu uma personagem cheia de sentimentos complexos, de uma série que ainda não li, mas que agora já está na minha lista. Sua musa é a Haven  - da série Imortais.

“Melhor amiga da protagonista da série (Ever), Haven é uma gótica dessas que usa batom preto, corset, cabelos negros e lisos, mas que não é levada a sério por seus amigos porque muda drasticamente de visual para ser "aceita". Ela tem uma fixação em se tornar imortal e passa a frequentar uma casa gótica onde aparentemente existem "vampiros" que vão torná-la imortal. Ela também adora cupcakes. 

Apesar de estar sempre tentando se encaixar para receber atenção o que demonstra seu lado carente, Haven tem uma personalidade bem forte e é bem autêntica, sem medo de expressar seus verdadeiros sentimentos. Ela é exposta a vários perigos por ser amiga de Ever e inclusive por escolhas erradas que a própria Ever comete, o que culmina em que Haven se amargure de pouco a pouco e torne-se uma poderosa inimiga! Eu particularmente acho que Haven foi muito injustiçada na série e por conta do egoísmo da protagonista teve seu destino todo alterado, mas ela sempre agiu com paixão, movida por sentimentos sinceros e é por isso que gosto muito dessa personagem! (me lembra a Willow de Buffy, que vira uma bruxa das trevas porque matam a Tara, sua namorada).

A Série Os Imortais de Alyson Nöel contém 6 livros: Para Sempre, Lua Azul, Terra das Sombras, Chama Negra, Estrela da Noite e Infinito; todos publicados pela Editora Intrínseca no Brasil. É um romance fantasia de paranormalidade."

Adorei a dica de leitura e a personagem indicada pela Mariana, muita coisa nova surgindo por aí e bom conhecer mais destes universos literários.
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A mais que talentosa e polivalente Carolina Mancini (@CarolMancini15), do blog Respirando Arte - a moça escreve, desenha (lindamente), é atriz e muito mais do que minha vaga memória consegue lembrar - sugere três personagens fascinantes, mas é com uma das mais belas criaturas de Poe que nos brinda por meio deste belíssimo texto: que venham as ladies das sombras.

"O mundo das Ladies da literatura é realmente imenso e fabuloso, como a Lady Macbeth da tragédia shakespeariana com sua obsessão e capacidade de manipulação e sede poder, ou como a atual e belíssima vampira Kaori, da talentosa Giulia Moon. Mas ao pensar naquela que para mim tem maior destaque, vejo-me diante uma personagem talvez pouco clássica, mas sem dúvida, de um autor que é referência e responsável por muitos pesadelos. Lady Ligéia, do conto “Ligéia” de Edgar Allan Poe, marcou-me ainda na adolescência e continua comigo como a perfeição assustadora com a qual ela foi pintada. É a única personagem, ao menos que eu tenha lido ou visto, que tem, como Fausto, um conhecimento infinito de todas as ciências e faculdades existentes. A lady em questão é estranhamente bela, estranhamente talentosa, e assustadoramente perfeita.

Ligeia -  por  Harry Clarke
Diante suas qualidades, tudo o mais se apaga feito um fantasma, seu sobrenome, sua família de quem pouco fala, o dia certo em que entra na vida do narrador em questão que nem ao menos sabe como ela se tornou toda a razão de sua existência. Não tem apenas conhecimento de música, como de metafísica, e tudo sobre o universo. Ela enxerga além dos horizontes.

Ligéia é taciturna, lasciva e sorrateira. Só se tem consciência de que está no ambiente quando fala algo com sua doce voz, ou quando toca seu amado com suas mãos de mármore. Ligéia tem a beleza que hoje vemos repetida à exaustão, mas da qual nunca nos cansamos, a palidez mortífera, os cabelos negros como a própria escuridão. Mas ela, até então, não é uma criatura da fantasia, ao menos, não de forma clara, ela é apenas fantástica. Seus olhos, estranhamente grandes, profundos e indecifráveis, são a marca de sua personalidade forte e tão incompreensível, que se torna secreta e obscura.

A dama em questão é ainda mestra, fazendo com que aquele que a ama, torne-se feito uma criança diante sua sabedoria, conclusões e ensinamentos. É ainda poeta e possui uma força de vontade incrível. E esta é sua maior e mais pérfida qualidade, força que tende a vencer a morte. Não apenas em presença etérea, como em carne e osso, tão alucinante quanto uma visão causada pelo ópio."

E eu tive que confessar a Carol um dos meus grandes pecados literários, e no caso, pecado mais do que duplo, ainda não li esta preciosidade. Duplo pela importância do texto, e pelo meu fascínio por Poe... 

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E para um desfecho mais que fatal para este passeio com as musas sombrias  no dia de hoje, Thato Bordin (@ThatoBordin) escritor e membro fundador do site A Irmandade, revela seu fascínio por uma dama inesperada.  Quando perguntei ao Thato, que escreve principalmente no gênero terror - mas também contos românticos, é, contei mesmo - imaginei que citaria uma das criaturas do universo fantástico ligado ao terror, mas para minha surpresa, a musa favorita do senhor Thato Bordin é a fascinante Irene Adler, (já citada por Romeu Martins, ontem) e isso revela como sua presença é instigante e marcante aos leitores de Conan Doyle.

"Irene Adler, é a mulher, não uma mulher, mas A Mulher. Bela, inteligente, perigosa, traiçoeira, manipuladora são alguns atributos que fazem de Irene a Vilã favorita de muitos, é uma personagem criada por Conan Doyle para abalar a postura sempre fria de Sherlock Holmes, um personagem que vive de lógica, de razão e não se permite sentir emoção alguma, pois, segundo ele, isso prejudicaria seu raciocínio. E Irene Adler quebra essa frieza mecânica. O paradoxo. Uma ladra, que conquista a admiração e o respeito do detetive, tanto que Sherlock evita até mesmo pronunciar seu nome e se refere a ela como "A Mulher".

 
"Para Sherlock Holmes, ela é sempre "A Mulher". Raras vezes o ouvi mencioná-la de outra maneira. Ele tinha mesmo a ideia de que ela eclipsava e se sobrepunha sobre todas as outras mulheres, e isto não era porque estivesse apaixonado por Irene Adler. Todas as emoções, particularmente  o amor, aborreciam sua mentalidade admiravelmente equilibrada, fria e severa. [...] Entretanto, havia somente uma mulher para ele e esta mulher era Irene Adler, que fazia revolver sua memória em dúvidas e indagações diversas." Trecho do conto Um Escândalo na Boêmia.

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E por hoje é só, pessoal, mas amanhã tem muito mais... 

4 comentários:

Mariana Mello Sgambato disse...

Duas vezes as mulheres de Conan Doyle foram indicadas <3 ehehehe

Tânia Souza disse...

ahá, ele era mestre em personagens fascinantes, e pecado meu, não me lembrava destas vilãs adoraveis :P,

Unknown disse...

Tentei lembrar de uma mulé do universo sombrio, e pego de sopetão, não vinha nada na cabeça. Só me lembrava de Irene... Pra mim, isso foi a prova de que "A Mulher" se destaca.


"mas também contos românticos, é, contei mesmo"

Nem escrevo ¬¬"

Tânia Souza disse...

Revelações importantes ... :P

De fato, as moças de Holmes se destacam mesmo, valeu pela participação Thato!

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