25 de mar. de 2012

Elas...

Elas...

Por Tânia Souza e convidados

Na semana em que se comemora o Dia da Mulher, convidei algumas interessantes personas do universo virtual para comentarem sobre as personagens mais marcantes em suas histórias de leitura. Marcantes e sombrias.

Recebi comentários sobre personagens melancólicas, fortes, enigmáticas... Mulheres más, fêmeas fatais... vilãs? Não exatamente, algumas, injustiçadas, sedutoras... tristes. Mas com certeza, na opinião destes leitores, as mais fascinantes! Assim, o que seria um post somente sobre musas sombrias, se estendeu um pouco mais, espero que gostem.

Muito obrigada aos amigos que gentilmente tiveram tempo de colaborar. E o que é melhor, nossos leitores comentaristas apresentaram personagens para agradar a todos os gostos e gêneros.

Então, vamos a elas...

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            O escritor Romeu Martins (@romeumartins) do blog Cidade Phantástica, elegeu o universo das histórias sherlockianas para invocar sua musa das sombras. Conheçam a fascinante Maria Pinto, criação de Arthur Conan Doyle.
“Sou fã da Irene Adler, de "A Mulher" e gosto das vilãs brasileiras do Doyle, tanto que usei a Maria Pinto no Cidade Phantástica. Irene Adler é uma unanimidade pra quem gosta das histórias sherlockianas, mas eu tenho essa preferência pessoal pela Maria Pinto desde que li "O problema da Ponte de Thor" pela primeira vez e descobri aquela personagem brasileira que o próprio Holmes define como uma das mais ardilosas que ele já conhecera. Eu adoro o plano de vingança que ela elabora naquele conto.”
            
E o autor gosta mesmo da personagem, já escreveu sobre ela na noveleta "Cidade Phantástica", presente na coletânea Steampunk - Histórias de um passado extraordinário e agora, em seu novo projeto, uma graphic novel adaptando aquele texto, em parceria com o desenhista Sandro Zamboni (o Zambi), em que vão mostrar as origens dessa vilã brasileira criada por Arthur Conan Doyle. Vamos aguardar!

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Elsen Pontual (@ElsenPontual) escritor e membro do site A Irmandade, escolheu uma das minhas favoritas. Sua garota é, assim, com dizer... um carro. Mas que carro! Com vocês, Christine, de Stephen King, e Claudia, a doce vampira de Anne Rice.

“Gosto de Christine principalmente pela dúvida que ela gera no leitor. É um carro possuído ou algo ainda mais profano? Ela matou a esposa e filha do antigo dono, ou foi o mesmo responsável por esses "acidentes"? Ela voltou no final do livro para terminar sua trilha de sangue? O mestre King sabe criar um ar de mistério como ninguém.
Christine é maligna do pistão ao parachoque. Além de ser uma assassina fria e eficiente, ela possui uma capacidade de influência que beira a dominação.
O melhor é que, mesmo transformando o rapaz nerd em "descolado", ao mesmo tempo que o torna violento e cruel, ela não precisa dele para realizar sua mortandade. É meia tonelada de aço e perversidade a mais de cem por hora.
Mas se carros do sexo feminino não valem, [Valem sim, sir Elsen] escolho Cláudia, a vampira de Anne Rice. O fato de ser uma predadora perfeita e uma psicopata cruel presa à imagem e ao corpo de uma criança inocente foi a melhor jogada da autora. Afinal, não há nada mais sombrio do que imaginar um sorriso angelical e infantil manchado pelo sangue consumido com prazer e luxuria.”

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Adriana Alberti, (@tykkaa) acadêmica de Psicologia, escritora, blogueira e viciada em esmaltes; escolheu duas personagens sombrias: uma deusa da lua e uma adorável vampira. [olha só a vampirada dominando a área] 

“Existem duas mulheres na literatura que eu sou fascinada por serem sombrias. Hécate, a deusa é considerada como a mais antiga deusa da fertilidade, do nascimento, é a deusa trácia da Lua. Associada ao lado escuro da lua, magia e cerimônias, além de estar ligada ao Hades.
Hécate é representada como a deusa tríplice (jovem, mulher e anciã) além de ser a única deusa que os deuses, titãs e seres mitológicos respeitam e não enfrentam. Em geral é sempre ligada a magia, feitiçaria e encantamentos.
Outra personagem que eu adoro é a Pandora de Anne Rice, além de vampira, Pandora está sempre ligada com uma aura de sedução e distância. Mulher forte e de opinião forte. Pandora tem seu próprio livro na coleção Crônicas Vampirescas, mas faz algumas pontas em alguns outros da coleção.”

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       Persona super querida que conheci no Twitter, a Mariana (@mundodistopia), escolheu uma personagem cheia de sentimentos complexos, de uma série que ainda não li, mas que agora já está na minha lista. Sua musa é a Haven  - da série Imortais.
              
“Melhor amiga da protagonista da série (Ever), Haven é uma gótica dessas que usa batom preto, corset, cabelos negros e lisos, mas que não é levada a sério por seus amigos porque muda drasticamente de visual para ser "aceita". Ela tem uma fixação em se tornar imortal e passa a frequentar uma casa gótica onde aparentemente existem "vampiros" que vão torná-la imortal. Ela também adora cupcakes. 
Apesar de estar sempre tentando se encaixar para receber atenção o que demonstra seu lado carente, Haven tem uma personalidade bem forte e é bem autêntica, sem medo de expressar seus verdadeiros sentimentos. Ela é exposta a vários perigos por ser amiga de Ever e inclusive por escolhas erradas que a própria Ever comete, o que culmina em que Haven se amargure de pouco a pouco e torne-se uma poderosa inimiga! Eu particularmente acho que Haven foi muito injustiçada na série e por conta do egoísmo da protagonista teve seu destino todo alterado, mas ela sempre agiu com paixão, movida por sentimentos sinceros e é por isso que gosto muito dessa personagem! (me lembra a Willow de Buffy, que vira uma bruxa das trevas porque matam a Tara, sua namorada).
A Série Os Imortais de Alyson Nöel contém 6 livros: Para Sempre, Lua Azul, Terra das Sombras, Chama Negra, Estrela da Noite e Infinito; todos publicados pela Editora Intrínseca no Brasil. É um romance fantasia de paranormalidade."
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A mais que talentosa Carolina Mancini, do blog Respirando Arte (@CarolMancini15) sugere três personagens fascinantes, mas é com uma das mais belas criaturas de Poe que nos brinda por meio deste belíssimo texto: que venham as damas das sombras.

"O mundo das Ladies da literatura é realmente imenso e fabuloso, como a Lady Macbeth da tragédia shakespeariana com sua obsessão e capacidade de manipulação e sede poder, ou como a atual e belíssima vampira Kaori, da talentosa Giulia Moon. Mas ao pensar naquela que para mim tem maior destaque, vejo-me diante uma personagem talvez pouco clássica, mas sem dúvida, de um autor que é referência e responsável por muitos pesadelos. Lady Ligéia, do conto “Ligéia” de Edgar Allan Poe, marcou-me ainda na adolescência e continua comigo como a perfeição assustadora com a qual ela foi pintada. É a única personagem, ao menos que eu tenha lido ou visto, que tem, como Fausto, um conhecimento infinito de todas as ciências e faculdades existentes. A lady em questão é estranhamente bela, estranhamente talentosa, e assustadoramente perfeita.

Diante suas qualidades, tudo o mais se apaga feito um fantasma, seu sobrenome, sua família de quem pouco fala, o dia certo em que entra na vida do narrador em questão que nem ao menos sabe como ela se tornou toda a razão de sua existência. Não tem apenas conhecimento de música, como de metafísica, e tudo sobre o universo. Ela enxerga além dos horizontes.

Ligéia é taciturna, lasciva e sorrateira. Só se tem consciência de que está no ambiente quando fala algo com sua doce voz, ou quando toca seu amado com suas mãos de mármore. Ligéia tem a beleza que hoje vemos repetida à exaustão, mas da qual nunca nos cansamos, a palidez mortífera, os cabelos negros como a própria escuridão. Mas ela, até então, não é uma criatura da fantasia, ao menos, não de forma clara, ela é apenas fantástica. Seus olhos, estranhamente grandes, profundos e indecifráveis, são a marca de sua personalidade forte e tão incompreensível, que se torna secreta e obscura.

A dama em questão é ainda mestra, fazendo com que aquele que a ama, torne-se feito uma criança diante sua sabedoria, conclusões e ensinamentos. É ainda poeta e possui uma força de vontade incrível. E esta é sua maior e mais pérfida qualidade, força que tende a vencer a morte. Não apenas em presença etérea, como em carne e osso, tão alucinante quanto uma visão causada pelo ópio."
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