15 de jul. de 2013

Escrevendo por aí



Entre tantos projetos, planos aquecidos, tecidos, esquecidos, adiados e retomados, sites, blogs e páginas, sobrevivo. E entre esses projetos, tenho um carinho especial pelo site Quotidianos. Basicamente, é um projeto de "histórias ilustradas onde 10 escritores e 10 ilustradores tratam de quotidianos fantásticos, estranhos e insólitos em publicações online diárias. Cada história, cada autor | ilustrador tem como missão buscar o mais simples e corriqueiro de seus mundos, contudo, não o banal no sentido depreciativo, mas aquelas histórias únicas que muitas vezes são deixadas de lado em detrimento do acontecimento maior; e também o experimentalismo do traço, a forma a princípio incoerente, a colagem, a arte inovadora e fora do padrão dito convencional. O tom é quotidiano, porém fantástico, que procurem valorizar o mínimo que se esconde por detrás das grandes aventuras e, a partir dele, criar uma arte totalmente inovadora, com ambas as correntes, literária e artística, devidamente bem casadas, desenho e texto soando como uma extensão | complemento um do outro."

Como parceiro nessa aventura literária, conheci o Lucas Zavagli, que você pode curtir um pouco mais aqui = > http://www.behance.net/lucaszavagli, persona adorável e criativa que, além das lindas ilustrações, dá ideias ótimas. Muito obrigada a ele, que tem me ensinado muito.



As publicações tiveram início em 02 de março e vão muito bem, obrigada. Cada trabalho realizado é uma vitória, é difícil ter disciplina para escrever e o site tem me obrigado a isso. 

Meu primeiro conto "A ocasião faz o ladrão" foi um passo diferente para mim, humor, intertexto em tom quase de paródia e ainda assim, uma certa fatalidade das criaturas perdidas em destinos indigestos. Partindo da ideia de descobrir quem seria o vendedor dos feijões mágicos, é aqueles, dos gigantes, e suas motivações, nasceu esse conto/crônica de um adorável azarão.



O segundo texto publicado "Desta vez, sem cantilenas sombrias" é parte de um universo maior, explorado no conto A Flor de U'zltrilix, mais especificamente os arqysfs, criaturas caçadas por suas propriedades mágicas. Desta vez, uma defensora de animais, caçadores e um duelo inesperado deram as caras. Não fiquei contente com esse conto, eu quis ter mais mais tempo, mais cenário e mais elementos para explorar. Mesmo assim, valeu, e quando tiver um tempo, pretendo retomar essa narrativa, uma certa ruivinha espera por seus leitores nessa aventura. 



Terceiro conto, adorei escrever, porque ficou no tom que eu queria. "Notas destroçadas de uma doce canção de ninar" apresenta um tom poético que gosto de manter nas prosas. Partindo do conceito do que não serve mais, do que é abandonado, rejeitado, esquecido e de repente - e por outras pessoas - é recuperado, recriado, reinventado, nasceu uma fênix. Acho que, de certa forma, esse continho representa para mim o sonho perdido, a solidão no meio da multidão e a esperança, que volta sempre.



Enluarada é um conto onde mulheres correm com lobos, literalmente. A lenda da peeira escrita de uma forma bem subjetiva, do desejo da liberdade, da negação e da aceitação. Mais uma vez, o tom poético predomina um pouco sobre a prosa. Afinal, "quem tem alma de peeira não resiste ao beijo ternurento do luar".



Uma história de amor, uma lenda, uma canção. Ou quem sabe, a explicação para como nascem as sereias. Uma escritora em busca de inspiração, o mar, a areia, uma sereia, o amor. Um aspecto que notei nesses contos para o projeto foi a presença da poesia, seja em cantigas, seja em prosa poética. Olhem só: 

Caboclinha insana não acredite em sereias
num-entre-ondas tecem perigosas teias

caboclinha insana não nade ao luar
rainha das águas vai tentar te levar
(...)


E os outros textos já publicados são: 

Em Ar-arvorar

Redemoinho do amor, rebuliço chegou

Fushi

Sinestesia

Tapete negro
Logo mais faço um novo post sobre esses textos, ou amplio este daqui.


Participar do Projeto Quotidianos tem sido uma experiência literária muito bacana. 



1º como leitora. Fábulas, poesia, quadrinhos, contos, crônicas e o que mais a imaginação pedir, e tudo com ilustrações inusitadas - em alguns momentos fortes, contundentes e em outros, delicadas e suaves. Textos únicos ou que vão se revelando como parte de um projeto maior, também. Vale muito ler.

2º como escritora. Manter uma regularidade sempre foi difícil para mim - não para escrever, que isso faço sempre, mas para considerar um texto pronto, pois alguns precisam de tempo, gosto de reler, repensar, reescrever... tenho textos escritos há mais de quatro, cinco anos e que não estão prontos. Nem sei se um dia estarão. A insegurança em escrever sempre e com tema fantástico é desafiante, e junto a uma galera tão bacana, ainda mais. Mas exatamente por isso, é bom. Autoavaliação, experiências, curiosidade, ousadia. Aos poucos, o que é quase um laboratório torna-se asas para outros universos.

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