20 de out. de 2010

Aos Olhos da Morte - M.D.Amado



Aos Olhos da Morte - M.D.Amado

Resenha de Tânia Souza

O que é a morte? O que é a vida? Até que ponto estes caminhos tão entrelaçados e ao mesmo tempo, tão opostos, permitem ao ser humano desvendar os segredos do desconhecido? Pois em 21 contos, o enigma da morte e seu cortejo de emoções parece desvendado, ora entre sombras, medo e dor, ora com leveza, um traço de poesia e encanto na narrativa de M.D Amado. Um livro que pode comover, alertar, assombrar, encantar e causar sorrisos, pois escrever sobre a morte é escrever também sobre sentimentos reais.

Cada leitor há de fazer a sua viagem literária em Aos olhos da morte e M.D. Amado, do site Estronho e Esquésito, é o autor que nos convida a esta instigante viagem. Nas histórias que acompanhamos neste livro, mesmo sendo uma das certezas do homem, ela é surpreendente. A morte que inquieta, instiga, apavora e dói... que já inspirou tantos poetas... que pode chegar de repente, como uma visita inusitada, ou há muito esperada. E de repente, somos convidados a ver todas essas faces sob outro prisma ao ler o mundo Aos olhos da Morte.

A narrativa de M. D Amado sempre me surpreende. Em Aos olhos da Morte, os contos sugerem cores, sons e cheiros: há certo lilás surgindo entre as letras; ah, e os sons da morte, convidativos, suaves, ou rudes e intensos como as mais desesperadas melodias? Depois, são os aromas e sabores que vão do sedutor ao repugnante em um caminho sinestésico do qual é difícil não se deixar envolver.

E que historias são essas, todas marcadas pela morte? Variações sobre um mesmo tema, de forma equilibrada e interessante. Eu li cada conto em momentos e dias diferentes, e a cada leitura, algo de novo. Não vou detalhar os contos, deixo esse prazer ao leitor, apenas vou comentar o primeiro e o último texto do livro.

O primeiro conto do livro apresenta-nos de fato aos olhos da morte, uma narrativa fascinante, sobre a qual me arrisco - afinal sou leitora, não crítica literária - a ver um caminho metalinguístico no que se refere ao próprio ofício do escritor fantástico, no que traz do papel imortalizante da literatura. Escrever é vencer ou unir-se à morte e nas primeiras páginas, podemos perceber essa verdade.

Mas também as sombras têm força nessas histórias e em cada conto que surge, a morte pode vir representada no inferno, na idéia do eterno retorno, no castigo, nas culpas, nos arrependimentos derradeiros pelos riscos que não foram ousadas, pelos abraços e declarações guardados no silêncio. Estes assustam e também comovem. Há a batalha entre o amor e a morte, a morte que ama, a morte em vida, a morte negada, a morte frente à culpa, aos pecados de cada coração, ao desejo de fugir da realidade... brincando com dogmas, mitológica, obcecada, surreal... Esperada ou temida, pode ser terna, meiga, sedutora, cruel, terrível.

O ultimo texto do livro “A morte como ela é”, é um dos textos mais bonitos e verdadeiros sobre viver e morrer neste mundo tão complexo no qual vivemos. Mas se este é um livro sobre a morte, como pode ser também tão cheio de vida? Pois são justamente estes opostos que se buscam e um dia se encontram em cada um de nós, viver e morrer, morrer e viver, seja metaforicamente, seja da forma mais real possível, é humano, é universal. Assim como o é este Aos olhos da morte. Em todas as suas nuances, a morte é extremamente bem representada nos contos.

Faça sua escolha: ao som de The 69 Eyes ou silenciosamente, em meio a uma multidão nos grandes centros, mergulhado em águas tranquilas ou em uma estrada vazia, arrisque-se e leia a realidade tecida neste universo fantástico a sua disposição nestas páginas.

Título: Aos olhos da morte
Autor: M. D. Amado
Apresentação: Georgette Silen
Prefácio: Rober Pinheiro
Quarta capa: Miriam Castilho
Introdução: Nine
ISBN: 978-85-63586-02-5
21 contos/ 120 páginas
14 x 21cm
Editora Literata / Selo Estronho

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