"Uma casa, uma mulher, uma criança e a força do passado"
Mau-Olhado: A Tragédia Rondava a Casa de Júlia, ou simplesmente Júlia, é uma novela carregada pelo terror psicológico, uma história de pessoas e personalidades, casas, fantasmas e vingança. Júlia é bonita, rica e extremamente complexa. Com largo histórico de submissão, primeiro ao pai, depois ao marido, é uma personagem abalada que, buscando uma nova vida, compra uma casa em um dos parques mais nobres (e supostamente tranquilo) de Londres e tenta cortar relações com o passado.
No entanto, a partir do momento que entra nessa casa, percebe-se, personagem e leitor, que nada ali será comum. Um local marcado pela tragédia e uma dúvida: certas casas seriam mesmo tão densas a ponto de guardar consigo as impressões de todos os seus moradores? Ou seriam as pessoas que carregam consigo a sugestão para tal percepção?
No entanto, a partir do momento que entra nessa casa, percebe-se, personagem e leitor, que nada ali será comum. Um local marcado pela tragédia e uma dúvida: certas casas seriam mesmo tão densas a ponto de guardar consigo as impressões de todos os seus moradores? Ou seriam as pessoas que carregam consigo a sugestão para tal percepção?
Mas quem é de fato Júlia? Uma mãe traumatizada com a morte da filha Kate, fugindo de um marido dominador e infiel, começa a ver e sentir estranhas sensações na nova residência, um local tão marcado pela tragédia quanto ela. Quando as visões e eventos sobrenaturais afetam sua realidade, de forma violenta e aparentemente sobrenatural, não lhe resta opção a não ser investigar o passado da casa e por consequência, o seu. Há algo muito errado com a casa de Júlia... A atmosfera de medo e suspense substancia-se na narrativa com a "inocente" presença de uma criança na vizinhança, e o inquietante mostra sua face. Entretanto, nem tudo que é percebido pela sensibilidade aguçada da moça pode ser considerado de fato real.
A presença da criança, por sua declarada não-inocência, é o ponto alto da narrativa. O que há de mais cruel que a maldade impressa na face de uma criança? Straub carrega nesses traços com maestria. Principalmente por um pequeno detalhe, seria de fato essa menina real? É visível que o trauma de Júlia tenha alterado seu senso de realidade, cercada pelo sentimento de culpa, por medo, vislumbra nestes eventos uma vingança do passado, e eis o ponto forte de Straub, a oscilação entre o real e o imaginário, a força do terror psicológico.
O suspense, linha mestra do autor, é bem marcado na narrativa. Destaque ainda para o enredo que surpreende.
Poderia ser um clássico do terror, mas no desenvolvimento da novela, a narrativa parece ter se perdido. Faltou o toque de mestre do autor, tão presente em Os Mortos-vivos. A narrativa tão bem conduzida até certo ponto, perde-se em meio aos devaneios dos personagens.
Talvez estivesse esperando mais desse livro. No entanto, sendo fã incondicional de Straub, leitora apaixonada do gênero terror, fiquei com a impressão que Júlia se perdeu no caminho.
Poderia ser um clássico do terror, mas no desenvolvimento da novela, a narrativa parece ter se perdido. Faltou o toque de mestre do autor, tão presente em Os Mortos-vivos. A narrativa tão bem conduzida até certo ponto, perde-se em meio aos devaneios dos personagens.
Talvez estivesse esperando mais desse livro. No entanto, sendo fã incondicional de Straub, leitora apaixonada do gênero terror, fiquei com a impressão que Júlia se perdeu no caminho.
3 comentários:
Essa é a desvantagem de se escrever algo genial como Os Mortos Vivos (Ghost Story): todos os outros trabalhos serão balizados por ele!
Se bem que o mediano do Peter Straub é muito melhor do que o máximo que muitos autores conseguem conceber!
Oi Alfer, então, já li alguns comentários que Júlia foi quase um ensaio para Ghost Story, agora estou lendo Talismã, vamos ver o que vem por aí.
Obrigada pela visita!
Tomara que Julia faça o que Ghost Story não fez: ser um bom livro de terror, no mínimo.
Sinceramente, Ghost Story, é uma decepção; Assisti ao filme e comprei o livro imaginando ser ainda melhor (o que geralmente acontece com adaptações), porém foi a pior novela de terror que li, a história é desconexa, ambígua, se fosse realmente uma HIstória de Fantasmas, como o filme o é, seria realmente um sucesso. Talvez por isso não foi mais publicado no Brasil. Vou ler Julia e espero que seja melhor, senão vou ter que apelar para O Talismã, que foi escrito em parceria com Stephen King.
Ambas as premissas (Julia e Ghost Story)são ótimas: fantasmas, casas antigas e assombradas, pessoas taciturnas solícitas às presenças sobrenaturais, uma atmosfera densa e perturbadora, porém de Ghost Story, vou guardar apenas as lembranças do filme, que deveria ter inspirado o livro, e não o contrário.
Até.
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